terça-feira, 29 de março de 2011

Minha experiência com a Iniciação Maçônica

Esteio, 24 de junho de 2010

Grande Oriente do Rio Grande do Sul
Loja Luz, Vida e Amor

Minha experiência com a Iniciação Maçônica

Venerável Mestre
Irmão Primeiro Vigilante
Irmão Segundo Vigilante
Caros Irmãos

Um bom tempo para ficar pensando em várias coisas é o tempo em que ficamos vendados antes da sessão de iniciação. Além da benesse de ter este tempo para pensar, serve também como teste de paciência.
O sentido de localização e de espaço quando se está vendado e sendo conduzido de uma lado para outro, subindo e descendo escadas, me fez sentir em outra dimensão. Mesmo que esta dimensão tenha sido somente a de meus pensamentos em tentar imaginar o que me cercava, onde eu estava, que sons ouvia, tentando imaginar o que estava acontecendo ao meu lado e o cenário de onde eu estava. Claro que uma cozinha era óbvio que existia, mas todo o resto era o que povoava meus pensamentos. Mesmo que eu, há muito tempo já tivesse entrado em um templo maçônico, imaginava que a escada me levava a um mezanino, e depois dele a uma sala que eu tinha certeza que era redonda ou oval (lembrando novamente que eu já havia entrado em um templo maçônico e não é segredo para nenhum neófito o formato de um templo maçônico), o teto também era diferente, era uma abóboda, sei lá por que. Sei que quando estava sentado no templo, com música, com incenso e o resto um silêncio quase total, tinha a certeza que alguém estava presente, me observando. Quando na sessão em si, fazendo os deslocamentos dentro do templo, cada vez que sentava, sentia que estava perto de uma parede, quando me dirigia onde agora sei ser o oriente, sentia que estava me deslocando nesta sala redonda, para o centro da mesma, sentia que acima de mim estava a abóbada do templo. Também imaginava que as pessoas que estavam assistindo a iniciação, que sabia serem muitas, estavam dispostas em círculo em volta do “estrado” central. Relembrando agora, devo dizer que os imaginava vestidos de túnicas brancas, como se senadores romanos fossem (isso deve ter sido uma falha muito grande de minha imaginação, pois sabia que todos estavam de ternos pretos). O espaço sempre senti bem maior que é na realidade. Por vezes chamava-me à razão e tentava imaginar o espaço interno comparando-o com o prédio que vi externamente ao chegar, mas acho que nunca ou poucas vezes consegui meu intuito.
Obediência sempre tive, posso estar sendo pouco modesto agora, mas me considero sim obediente. Por diversas vezes o Experto que me guiou, verificava se minha venda estava bem colocada. Devo dizer agora que fiquei sempre com os olhos fechados, nem tentei abri-los em momento algum, e se precisasse fazer todo o ritual sem venda e me fosse pedido que permanecesse com os olhos fechados, assim o faria. Penso eu.
Confiança foi o que vim buscar, tive total durante todo o tempo do dia da iniciação, e não pretendo nunca deixar de ter com todos e tampouco fazer com que algum ato meu faça com que meus irmãos não tenham mais confiança em mim. Por isso me entreguei de corpo e alma em tudo o que me era pedido antes, durante e depois da sessão de iniciação. Confiei quando me foi dito que nada de mal iria me acontecer e fui firme, determinado.
Entusiasmo não faltou nunca, mas devo confessar que pensei que uma resposta mal dada, um deslize ao me deslocar, ou qualquer coisa que pudesse não sair a contento, fizesse com que me encaminhassem para a porta de saída, fechando-a atrás de mim. Depois de refletir também sobre isso, vi que meus pensamentos não eram coerente com o que eu estava fazendo ali, eu estava ali por ter sido indicado por uma pessoa que via em mim alguma qualidade (espero um dia eu também poder ver esta qualidade), e por isso iria fazer de tudo para não decepcioná-la e espero nunca fazê-lo. Entusiasmo não faltou também para meus dois irmãos gêmeos, pois quando os mesmos pegaram o malhete para golpear a pedra bruta junto ao irmão primeiro vigilante, o fizeram com tamanha força que por pouco eu fiquei sem a ferramenta para desferir meu golpe. Avisado pelo primeiro vigilante, o fiz com que meu golpe fosse dado com um teor bem mais simbólico. Mas devo confessar que fiquei com receio de ter deixado alguma seqüela em nosso querido irmão César Magalhães quando da prática do tríplice e fraternal abraço. Emoção e entusiasmo juntos fez com que minhas mãos ficassem mais soltas e os golpes podem ter sido demasiados fortes. Se assim foi, espero com isso estar me desculpando.
É uma grande expectativa enquanto se fica esperando na sala dos Passos Perdidos ou no próprio templo. Depois todo o ritual com os olhos vendados, mais e mais a imaginação aflora, para que, quando nos é tirada as vendas, que tenhamos uma nova luz, não a que tínhamos até pouco tempo atrás, mas uma luz que vai nos guiar, porque assim o queremos, foi uma escolha, nos guiar para o conhecimento, para novos horizontes, vamos em busca de algo melhor, que sozinhos jamais o conseguiremos, temos de submeter nossas vontades, temos que buscar novos conhecimentos, agora como aprendizes, depois como companheiros e depois mestres, mas sempre aprendendo, sempre acumulando conhecimentos, sempre buscando o algo a mais que sempre irá faltar para sermos, justos e perfeitos.



Marcos Antonio Peruzzolo
Aprendiz Maçom

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