quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A PEDRA BRUTA


Irmão Henrique Bosco

  A Pedra Bruta, símbolo do Aprendiz Maçom, é uma das três jóias fixas da loja e está colocada à esquerda da Coluna “B”, próxima ao Altar do 1º Vigilante, nela trabalham os Aprendizes, marcando-a e desbastando-a até que seja julgada polida pelo Venerável Mestre.
   A Pedra, de uma maneira geral, sempre provocou admiração e espanto ao ser humano, sendo bastante reverenciada nas manifestações religiosa tanto pela sua solidez como por sua perduração, a firmeza inabalável, que é atributo da Divindade. Por esta razão, os homens procuraram sempre edificar com pedras os templos dedicados à divindade, proibindo ao povo de construir habitações com outro material que não fosse terra cozida ao sol.
   Na antiguidade, a arquitetura sempre foi considerada como arte sagrada e intimamente ligada aos sacerdotes e à religião. Posteriormente, na Idade Média, foi a arte dos maçons operativos aos quais a maçonaria especulativa sucedeu. Por isso, constituindo a arquitetura uma das bases do simbolismo maçônico, a pedra nele ocupa abundante representação, simbolizando em geral todas as obras morais e todos os materiais de inteligência empregados para fins maçônicos.
   Dentro da simbologia Hebraica, como na Egípcia, a pedra é também o símbolo da falsidade. Assim, o nome de Tiffão, o princípio do mal da simbologia Egípcia, foi sempre escrito em caracteres hieroglíficos, com o sinal determinativo da pedra. Mas a pedra de Tiffão foi a pedra talhada, tendo idêntico mau significado em Hebraico. Desta forma disse Jehovah em Êxodo: “Não construireis para mim um altar de pedras lavradas”; e Josué edificou, no Monte Ebal, “um altar de pedras intactas”; sobre as quais nenhum homem levantou qualquer ferro. A pedra talhada era, desta forma, um símbolo do mal e da falsidade e a pedra bruta um símbolo do bem e da verdade.
   Plantagenet (ou Plantageneta), ao contrário da maioria dos autores maçônicos, considera a pedra talhada como símbolo da obscuridade e servidão, ao passo que faz da pedra bruta o símbolo da liberdade. Diz ele: “E ainda hoje não é vergado sob o fardo da pedra talhada, acabada, composta de todos os prejuízos, de todas as paixões, de toda a intransigência das fórmulas absolutas, aceitas sem controle como expressão da inexpugnável e única verdade, que fazem do homem o escravo de seu meio, que vemos o profano apresentar-se à porta do Templo e pedir à Luz? Uma Loja Justa e Perfeita, proporciona-lhe essa Luz e, ao mesmo tempo, liberta-o iniciaticamente da servidão. Livre, o neófito simbolizará sua liberdade por uma pedra bruta, com a qual ele se identificará. Obreiro da Grande Obra, há de consagrar a primeira parte de sua vida maçônica em desbastá-la...
   Chegará ele algum dia ao fim de suas fadigas?
   Ninguém o pode prever, pois a meta que ele mesmo traçou para si não é tornar a fazer da pedra bruta uma dessas pedras talhadas com as quais o homem edifica prisões, mas sim de transmutá-las numa dessas pedras vivas com as  quais o iniciado levanta templos. O segredo desta operação não está perdido, mas nem sempre é compreendido.
   A Gedalge afirma também, que a pedra bruta é análoga à matéria prima dos hermetistas, devendo ser talhada com cuidado com o malho, para que chegue a apresentar a forma de um cubo. Dentro da alquimia existia um ramo puramente místico a qual numerosos hermetistas se dedicavam.
A preparação da pedra filosofal e as operações alquímicas, nos escritos de certos filófosos, não passam de sucessivas purificações do ser humano na busca do conhecimento iluminador. Para eles o chumbo significava vulgaridade, grosseria e falta de inteligência, e o ouro precisamente ao contrário. Iniciados, desinteressam-se dos bens perecíveis, dos metais ordinários que fascinam os profanos. Relacionam tudo ao homem que é perfectível, e em quem o chumbo é realmente transmutável em ouro. O simbolismo alquímico não se aplica, portanto, à matéria, mas a operações espirituais. As imagens representam a evolução interior. A matéria sobre a qual é preciso trabalhar é o próprio homem. Não é outra coisa senão a purificação do Ser que tornará o homem capaz de ascender ao supremo conhecimento.
   Segundo Aslan ”A pedra bruta é o símbolo da idade primitiva e portanto, do homem em estado natural e sem instrução; é a imagem da alma do profano antes de ser instruído nos mistérios maçônicos. É a representação da cegueira e da ignorância, das paixões humanas indomáveis, da teimosia, do mau gosto e individualismo egocêntrico. A tarefa dos Aprendizes consiste em trabalhar, simbolicamente, no desbaste da pedra bruta, a fim de despojá-lo das asperezas, transformando-a assim numa pedra cúbica mais própria para o trabalho da construção, que na maçonaria é a construção do templo da humanidade”.
   No desbaste de sua pedra bruta, o Aprendiz deverá contar com habilidade e orientação, sob o risco de nada conseguir, a não ser fragmentar a pedra em outras proporções sempre brutas e disformes.
   A pedra bruta representa, pois, a natureza humana ainda não trabalhada, simbolizando a imperfeição da personalidade do aprendiz que ele deve desbastar de sua ganga original. Libertando o seu espírito de preconceitos e vícios num trabalho contínuo de aperfeiçoamento.
   Extraído do Livro: Obreiros em Ação. Livro editado pela ARLS Regeneração Catarinense nº 138, cujos autores, são obreiros da mencionada Loja.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo trabalho, ma sna minha opinião deveria resumir mais, tem muito trechos repetidos...

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