segunda-feira, 16 de maio de 2011

COMPANHEIRO MAÇOM

AS FERRAMENTAS DO GRAU DE COMPANHEIRO NAS VIAGENS DA ELEVAÇÃO

Introdução
O Aprendiz, ao completar seus três anos de trabalho, é de se supor que tenha aprendido o significado da posição vertical ou perpendicular, ou seja, a reta que ascende para o reino dos céus, e portanto aproxima-se daquele ser humano hígido, de pé e ativo.
A perpendicular tem sua representação no prumo, que é a jóia do segundo vigilante e é a medida de retidão. Estar a prumo significa estar de forma correta e precisa em qualquer posição na vida, quer familiar, quer profissional ou ainda fraternal.
Nessas condições, o Aprendiz deverá passar ao nível, se comprovadamente tais propósitos foram cumpridos, ou seja, se ele se considera um, homem hígido, de pé e ativo. Pois o nível, simbolicamente, nos ensina que devemos pautar nossa vida dentro do equilíbrio, a fim de que nossas ações se ajustem à perfeição do desejo, dando o equilíbrio necessário para que nossa obra seja permanente e estável, na medida justa e satisfatória. Assim, o nível e o prumo formam o dualismo perfeito e conduzem à sabedoria.
No ritual de elevação, o candidato é informado pelo Venerável que irá passar do número três ao número cinco e, para tal, deverá realizar cinco viagens.

Desenvolvimento
Síntese da Cerimônia de Elevação
O Exp∴, chegando à porta do templo e conduzindo o candidato, bate à porta como no 1º grau. O Cobr∴ Int∴ comunica ao Ven∴ e este manda verificar quem bate. Por sua vez, o Cobr∴ Int∴ informa que é o Exp∴ conduzindo um Ap∴ que deseja passar da Perpendicular ao Nível.
À ordem do Ven∴, o candidato entra como Apr∴, coloca-se entre colunas, à direita do Exp∴, faz a saudação às Luzes e permanece à ordem e com a régua (não graduada) na mão esquerda (apoiada no ombro esquerdo que é o símbolo da Lei da Ordem e da Inteligência, que deve nortear as atividades dos Maçons e os estudos do Companheiro. Ressalte-se que a Sessão foi aberta ritualisticamente.
A seguir, o Ven∴ explica, ao candidato, que ele irá passar do número TRÊS ao número CINCO e que deverá realizar cinco viagens, em alusão aos cinco anos de trabalhos e de estudos, que era, primitivamente, a exigência para que os obreiros aspirassem à ascensão dentro da Ordem. Hoje não se trata de uma graça especial o fato de serdes elevado após um estágio simbólico, o que contudo não é feito indistintamente. Por isso, aquele que é privilegiado, deve tornar-se digno de tal graça, trabalhando com todo zelo.
O próprio Ven∴ ou o Orad∴ explica, a seguir, o significado da Régua de 24 polegadas que o candidato leva no ombro. - Todos os sinais maçônicos devem ser feitos com a mão e jamais com instrumento de trabalho como: malhetes, bastões, espadas, sacolas.

A régua de 24 polegadas
A polegada é uma medida antiga que se afastou do sistema métrico francês; contudo, ainda é usada, posto que esporadicamente, é utilizada por nós brasileiros.
A Maçonaria a adota porque simboliza o dia com as suas 24 horas.
Assim, a régua maçônica mede 0,66 (sessenta e seis centímetros - a polegada é a 12ª parte do pé, ou, 0,0275).
O tamanho da régua já sugere que é um instrumento destinado à construção.
Filosoficamente, o maçom deve pautar a sua vida dentro de uma determinada medida, ou seja, deve programá-la corretamente e não se afastar dela.

Primeira Viagem
Ferramentas: Maço e Cinzel, simbolizando a Vontade ativa, firme e perseverante e o Livre Arbítrio; fortifica-se a Vontade para chegar ao Livre Arbítrio.
Lembra os 5 órgãos dos sentidos.
Antes, a uma ordem do Ven∴, o Exp∴ substitui, na mão esquerda do Aprendiz, a Régua pelo Maço e pelo Cinzel.
Depois disso ele toma a mão direita do candidato, do Norte e do Sul, mas só no espaço entre as Colunas do Norte para o Sul, passando-se, depois, entre colunas e à ordem, sem fazer qualquer sinal, a não ser inclinar ligeiramente a cabeça em sinal de respeito ao Venerável. É comunicado que foi concluída a primeira viagem.
O Ven∴ então fala sobre o significado dessa viagem e sobre o Simbolismo do Maço e do Cinzel - É mister que ressaltar que todos os Irmãos, ao adentrarem o templo, durante a sessão, devem fazê-lo com as devidas formalidades, ou seja: deverá entrar com a marcha do grau.
Significado dessa viagem - palavras do Ven∴ - Meu Ir∴ , esta primeira viagem simboliza o período de um ano, que o Comp∴ deve empregar em aperfeiçoar-se na prática de cortar e lavrar a P∴ B∴ que aprendeu a desbastar, quando Apr∴, com o maço e o Cinzel. Por muito perfeito que seja o Apr∴ lembrai-vos que sozinho não pode terminar a sua obra, visto como os molhes (paredão, que se constrói nos portos de mar em forma de cais, para protegê-lo da violência das águas; quebra-mar) de pedras do Templo que se eleva a Glória do Gr∴ Arq∴ do Univ∴ exigem, um duro e penoso trabalho no Maço, e da firme e aplicada direção do Cinzel, não se desviando do que pelos Mestres lhe foi traçado (pequena pausa).
Dai-me o Sin∴ de Apr∴

Simbolismo do Maço e Cinzel
Maço - O maço é uma espécie de martelo, de maiores proporções, servindo para construir ou para destruir. Maçonicamente, o maço é a ampliação do malhete, instrumento empunhado pelo Venerável Mestre e pelos Vigilante, representando a força e vigor. O maço sugere duas situações, uma ativa, outra passiva; a ativa é quando bate, e passiva quando o objeto batido sofre o choque. O que nos lembra o maço, senão que o usamos na iniciação apenas uma vez, dando três pancadas na pedra bruta?
Podemos tirar uma boa lição desse instrumento tão contundente, usando-o em nós mesmos para retirar as arestas de nossa pedra bruta, objetivado o auto aprimoramento.
A maçonaria é uma escola, mas há viabilidade de uma auto-educação, pois, ao invés de esperarmos que alguém nos bata para aparar nossas arestas, podemos fazer isso nós mesmos, em uma atitude mais suave e precisa.
Reconhecer os próprios erros já é uma prática de desbastamento do espírito, ainda embrutecido da inteligência humana.
Cinzel - Instrumento do grau de Aprendiz, que, com o malho, serve para desbastar simbolicamente a pedra bruta, esta um emblema da personalidade não educada e polida. Representa o intelecto.

Segunda Viagem
Ferramentas: Régua e Compasso, simbolizando a Harmonia e o Equilíbrio. Com elas pode-se construir todas as figuras geométricas existentes. Deus geometriza. A Régua traça a linha de conduta e o Compasso traça um círculo que indica o alcance de nossa linha de conduta.
Esta Viagem tem por objetivo o estudo da Arquitetura e também a Agrimensura, que no Antigo Egito era sagrada e secreta.
Inicia-se pela substituição do Maço e o Cinzel, pelo Compasse e pela Régua de 24 Polegadas. O trajeto é o mesmo da primeira, terminando entre colunas, ficando, o candidato, à direita do Exp∴. Depois da comunicação do término da viagem, o Ven∴ explica o significado dela e o do Compasso e da Régua de 24 polegadas - Arrastar os pés no chão, para as delegações de Lojas.
Significado dessa viagem - palavras do Ven∴ - Meu Ir∴, esta Segunda viagem nada mais é do que o símbolo do segundo ano, no qual o Apr∴ deve adquirir os elementos práticos da Maçonaria, isto é, a arte de traçar linhas sobre materiais desbastados e aplainados, o que só se consegue com a Régua e o Compasso. (pequena pausa)
Ven∴ - Meu Ir∴ , daí o sinal do Toq∴ de Apr∴ ao Ir∴ 2º Vig∴.

Simbolismo do Compasso
O Compasso Filosoficamente, o homem constrói a si próprio, e para que resulte um templo apropriado a glorificar o grande arquiteto do universo torna-se indispensável saber usar cada um dos principais instrumentos da construção.
Dos alicerces ao teto, todos eles são indispensáveis, e quando surgir em nosso caminho algo com aparência de incontornável, lançamos mão da alavanca. Removido o obstáculo, teremos uma edificação gloriosa que nos honrará.
O compasso mede os mínimos valores até completar a circunferência e o círculo onde fixamos uma das hastes do compasso e, girando sobre nós próprios, executaremos com facilidade o projeto perfeito.
O entrelaçamento do compasso com o esquadro será o distintivo permanente da maçonaria. Nossa vida é uma prancheta onde grafamos os projetos que, estudados, calculados os seus valores resultará no caminho completo para a construção de nosso ideal.

Terceira Viagem
Ferramentas: Régua na mão esquerda e Alavanca apoiada no ombro direito. Alavanca simboliza Potência e Resistência; Potência para regular e dominar a inércia dos instintos; a Alavanca é a fé que move montanhas. Está relacionada com a Matéria. Tem duas extremidades: o pensamento e a vontade. Esta Viagem lembra as sete artes liberais do mundo antigo
Para fazer a terceira viagem, é substituído, na mão esquerda do candidato, o Compasso pela Alavanca, continuando a Régua de 24 polegadas. A viagem é igual às anteriores e, no final o Ven∴ dá as explicações sobre ela e sobre a Alavanca. - Trata-se do terceiro ano de estudos. A alavanca é o símbolo da Força , servindo para erguer os mais pesadas fardos; moralmente, ela representa a firmeza de caráter, a coragem indomável do homem independente e o poder do amor à Liberdade.
Significado dessa viagem - palavras do Ven∴ - Meu Ir∴ , esta terceira viagem simboliza o terceiro ano, no qual se confia ao Apr∴ a direção, transporte, colocação dos materiais trabalhados, o que se alcança com a Régua e a Alavanca.
A Alavanca, em lugar do Compasso, é o emblema do poder que, junto às nossas forças individuais, multiplica a potência do esforço e possibilita o desempenho de grandes tarefas.

Simbolismo da Alavanca
A Alavanca - Trata-se de um instrumento utilizado que representa simbolicamente a força. Seu formato, de per si, sugere essa referida força; basta-lhe um ponto de apoio para erguer um peso enorme sob a simples pressão muscular de um braço.
Arquimedes dizia: "Dai-me um ponto de apoio que erguerei o mundo", manifestação filosófica no sentido de valorizar o "ponto de apoio".
Em nossa vida quando no deparamos com algum obstáculo a ser removido e que expressa um esforço impossível, o maçom deve evocar a alavanca e buscar esse "ponto de apoio".
Às vezes , a solução está perto de nós e não visualizamos porque nossa atenção está voltada para o grande obstáculo.
A lição da alavanca é que não há peso que não possa ser removido e, assim, os obstáculos serão removidos, embora ultrapassados , pois a alavanca apenas suspende e, desequilibrando o peso, faz com que este se mova.
Existindo o problema, ao lado estará a solução, basta encontrá-la, o que não é tarefa ingente.
O) "!ponto de apoio" é quem suporta todo o peso do obstáculo e, assim, revela-se a parte mais importante.
Numa fraternidade, cada irmão constitui um "ponto de apoio", que unidos representa a alavanca, devemos aprender a usar esse poder que só a maçonaria propicia.

Quarta Viagem
Ferramentas: Régua e Esquadro que simboliza os propósitos segundo o ideal que inspira.
Viagem destinada ao estudo da Filosofia.
Inicia-se com a substituição da alavanca pelo Esquadro, continuando a Régua de 24 Polegadas.
O trajeto é o mesmo das viagens anteriores e, no final da viagem, o Ven∴ dá a explicação sobre os símbolos. - Esta viagem representa o estudo da Natureza, cujo conhecimento nos leva construção do edifício na direção de seu todo, simboliza ainda meu Ir., nos tempos primitivos da nossa Ordem era mister que o Apr∴ trabalhasse, sem interrupção durante cinco anos, para ser Elevado à Comp∴ . Não quero, com isso, dizer que seja uma graça especial o fato de serdes Elevado hoje, após um estágio simbólico, o que, contudo, não é feito indistintamente, dizendo pelas ciências.
Significado dessa viagem - palavras do Ven∴ - Esta quarta viagem, meu Ir∴, simboliza o quarto ano de um Apr∴, no qual ele deve ocupar-se, principalmente, na construção do edifício, na direção de seu todo, verificando a colocação dos materiais reunidos dando continuidade da obra do Grande Arquiteto do Universo. Esse conhecimento nos traduz que com a aplicação do zelo e da inteligência mostrado no trabalho constante, comedido e aprimorado pode nos permitir orientar nossos IIr∴ menos instruídos.

Simbolismo do Esquadro
O Esquadro - Somente quem souber esquadrejar poderá transformar a pedra bruta em pedra angular e devidamente desbastada, visando - num trabalho - poli-la e burilá-la parta ser transformada em pedra de adorno na construção.
O Esquadro que forma um ângulo reto nos ensina a retidão de nossas ações; o maçom em sua linguagem simbólica diz que pauta a sua vida "dentro do esquadro"
Tudo está na dependência da retidão, tanto na horizontalidade como na verticalidade.
Seguindo-se as hastes do esquadro, teremos dois caminhos que vão se afastando, quando mais distantes seguirem; isso nos ensinará que se nossa vida se pautada de forma correta, encontraremos o caminha da verticalidade espiritual e o da horizontalidade material.
Esse instrumento é imprescindível na construção; caso não for usado, teremos uma obra torcida, sem equilíbrio e pronta para ruir.

Quinta Viagem
Sem ferramentas demonstrando o perfeito desenvolvimento das faculdades internas já enumeradas. Existe uma discussão pelo fato de o Ap∴, candidato a Comp∴, não portar ferramentas alegando-se que estaria ocioso, mas a verdade é que é uma Viagem de meditação, igualmente proveitoso para o trabalho que virá.
Esta Quinta Viagem tem o mesmo sentido horário, conforme o rito de circunvolução. É errado o sentido inverso que em alguns textos ou rituais chegou a ser estabelecido pouco tempo atrás.
A Espada contra o peito simboliza a proteção do Anjo da Guarda para o Homem que, expulso do Éden precisa defender-se do Mal que existe no mundo externo; que ele não entre no seu Templo interior.
O Exp∴ retira o Esquadro e a Régua da mão do candidato, pois, nesta viagem, ele nada leva. O Exp∴, então encosta a ponta de uma espada sobre o peto (lado esquerdo, região cordial) do Aprendiz, que com o polegar e o indicador da mão direita, segurará a ponta da arma, fixando-as. E assim é feita a circulação. - A Quinta viagem significa que, tendo, o candidato terminado a sua aprendizagem material, representada pelas quatro viagens, em que ele conduziu instrumento de trabalho, ele pode aspirar a alguma coisa além do que pode ser percebido no plano físico do Aprendiz. Ou seja, ele está pronto para a transição do plano físico ao plano espiritual, ou plano cósmico.
Significado dessa viagem - palavras do Ven∴ - Terminada, o Ven∴ transmitirá o seu significado.
Esta quinta viagem mostra que o Apr∴ suficientemente instruído nas práticas manuais, deve, durante o quinto e último ano, aplicar-se ao estudo teórico.
Meu Ir∴, não basta estar no caminho da Virtude, para nela nos conservamos; parta chegarmos a Perfeição, são necessários muitos esforços. Segui, pois o objetivo traçado e tornai-vos digno de conhecer os altos trabalhos maçônicos.

Considerações finais
Observando-se o painel do grau de companheiro vêem-se as 09 seguintes ferramentas:

Alavanca, Cinzel, Compasso, Esquadro, Maço, Nível, Prumo, Régua, e a Trolha

O que tem haver 6 destas 9 ferramentas quanto ao desejo do candidato passar da Perpendicular ao nível?
A perpendicular representa o ser humano hígido, de pé e ativo, é a reta que ascende para o reino dos céus; é a escada de Jacó que na sua verticalidade rompe as nuvens do firmamento.
Observa-se ainda outros dísticos, porem não é o caso a ser discutido no momento.
Assim das ferramentas enumeradas, apenas :
O maço, o cinzel, o compasso, a régua, a alavanca e o esquadro serão utilizados na cerimônia de elevação.
Embora, use-se também a espada na 5ª viagem, esta não é ferramenta do grau de companheiro, mas representa a proteção do sigilo que o agora companheiro deverá conservar consigo, ou partilhar com irmãos do mesmo grau ou superior.
Concluindo, de todo os conhecimentos transmitidos, entendemos, que não basta estarmos no caminho da virtude, e nela nos conservarmos,; para chegarmos à perfeição, são necessários ainda muitos esforços, estudo e pesquisas.
A atuação do maçom não se restringe a loja, pois é seu dever é exercer a verdadeira postura maçônica no mundo profano, agindo com tolerância, prudência e respeito pelo ser humano.

O Simbolismo da Elevação a Companheiro
Escrito por Armando Filippi Cravo
Introdução
Inicialmente queremos dar ênfase e chamar a atenção sobre a importância transcendental do simbolismo, que constitui os fundamentos da nossa Ordem, legado que recebemos de nossos antecessores e que continua sendo a maneira mais eficaz de transmitir nosso pensamento e nossa filosofia de vida. É um dos mais dignos suportes no qual se baseia nossa união.
Trata-se da representação visível de uma idéia ou uma força que atrás dele se oculta. É o instrumento através do qual as idéias chegam a se manifestar, e ao mesmo tempo é o mais apropriado veículo, que conduzido adequadamente nos leva precisamente à compreensão da sua identidade. Veda seu conteúdo aos que não estão capacitados para saber; mas revela aos iniciados e aos que estão dispostos a ver adiante das simples aparências, os segredos e mistérios do seu significado.
O conhecimento da verdade é como a luz pura que, refratada em um cristal prismático, se decompõe nas cores primárias. Cada indivíduo, sob a influência de uma determinada cor enxergará a luz de forma diferente de outro sob a influência de outra cor, um dirá que a luz é vermelha, outro dirá que a luz é amarela, ambos estão certos, porém, cada qual conhece apenas uma parcela daquilo que é verdadeiro.
Por outro lado a interpretação dos símbolos depende da posição relativa do indivíduo e do momento psicológico que ele está vivendo, sendo ele um ser único, lerá de forma única a mensagem oculta.
Sendo cada indivíduo um ser único e que, como já visto, o símbolo permite várias interpretações, infere-se daí que cada um terá uma visão única do seu significado , ainda mais, dependendo da sua vivência, cada indivíduo poderá emitir uma interpretação totalmente diferente da anterior, fundamentado no seu conhecimento relativo no tempo e do momento psicológico que está vivendo, porém, não menos verdadeira. Em resumo, cada símbolo pode ser interpretado de infinitas maneiras.
A nós, maçons, interessa buscar em cada símbolo o seu sentido maçônico, aquele sentido que pode nos levar ao aperfeiçoamento moral e ético, que nos ajude a enxergar as irregularidades da Pedra Bruta que somos.

O Grau de Companheiro
O Grau de Companheiro, é o segundo dentro do Rito Escocês Antigo e Aceito. Junto com o primeiro e terceiro são denominados de Graus Simbólicos. Os demais graus do Rito, são conhecidos como os Graus Filosóficos.
O Grau de Companheiro tem como objetivo o estudo das Ciências Naturais, da Cosmologia, da Astronomia, da Filosofia, da História e a investigação da origem de todas as causas de todas as coisas.
Dedica-se, outrossim, ao estudo dos símbolos e, como o faz o 1º Grau, procura conhecer o homem como ser útil na sociedade, buscando colocá-lo a serviço da humanidade para semear bem-estar através do trabalho, da ciência e da virtude.
O Aprendiz Maçom que conclui seu tempo no estágio que lhe foi proposto, julga ter estudado e absorvido os ensinamentos de todos os símbolos que encontrou dentro do Templo, contudo verificará que, ao passar para o 2º Grau, surgem novos símbolos e novas interpretações.
O seu caminho será um pouco mas preciso e filosófico/prático, sem obviamente, somar profundos conhecimentos maçônicos, exigidos gradativamente em sua elevação e posterior exaltação ao 3º Grau.
Por ser o grau intermediário dentro da Maçonaria Simbólica, assume relevante posição o estudo. Ser Companheiro, significa ser o laço de união entre o Aprendiz e o Mestre. Não sendo mais Aprendiz e sem ter alcançado a posição de Mestre, o Companheiro coloca-se como se fora o fiel de uma balança imaginária, equilibrando posições, aspirações e tendências.
Após cumprido seu período, que também é longo, paciencioso e constante, a sua fidelidade lhe dará um prêmio valioso, o de ser aceito como Mestre que é dentro da Maçonaria Simbólica a última posição.

O Simbolismo da Elevação
Devido a complexidade do simbolismo contido na a Elevação, vamos procurar nos deter na conceituação simbólica do ritual das viagens.
Construir, talvez seja o mais perfeito paradigma para o nosso engrandecimento interior. Qualquer criação seja ela física, mental ou espiritual é para nos maçons uma obra de arquitetura. Tanto que na Ordem, Deus é chamado de "O Grande Arquiteto do Universo". Esta alegoria é tão forte que propicia no campo filosófico, a possibilidade de um ser humano alargar infinitamente seus horizontes e galgar sozinho alturas inimagináveis, começando simplesmente por aprender a desbastar sua Pedra Bruta. Essa didática é tão eficaz, que passado somente alguns meses de nossa Iniciação, podemos constatar o quanto evoluímos intelectual, moral e espiritualmente. Sem que nos déssemos conta, subjetivamente, esta imagem penetrou nosso inconsciente e ficou gravada profundamente na nossa psique, lembrando-nos o tempo todo que somos ao mesmo tempo a matéria- prima, a obra e o autor. Assim funciona a psicologia do desenvolvimento maçônico. Estamos começando, ao menos simbolicamente, a nos libertar das paixões, erros e vícios e passando de Aprendizes a Companheiros, deixamos o três para aprendermos o cinco.
Como rito desta passagem, empreendemos cinco viagens, circulando por cinco vezes o Templo, do Ocidente para a Luz do Oriente e retornando sempre ao Ocidente. A cada etapa nos são apresentados diferentes instrumentos e cada vez que retornamos ao ponto de partida nos elevamos a um plano superior.
Entra-se no Templo portando a régua de vinte e quatro polegadas. Na primeira viagem ela é substituída pelo maço e cinzel. Sendo instrumentos complementares, só funcionam em conjunto. Representam, o primeiro: a vontade, a razão e a equidade, o bem julgar e o bem decidir; o segundo: o livre arbítrio, a educação e a influencia do intelecto. São usados para desbastar a Pedra Bruta, a qual fará parte do alicerce da futura construção. Esta viagem nos alerta para os cinco sentidos que são nossas janelas para o mundo físico e nos permitem vivenciá-lo
Na segunda viagem a régua e o compasso substituem o maço e o cinzel. A régua simboliza o método, a lei e a retidão de caráter. O compasso representa o infinito, pelos infinitos círculos que pode traçar. É o relativo e o absoluto coexistindo em um único símbolo.
A Inter-relação entre a régua e o compasso é simbolicamente explicada pela função geométrica dos dois instrumentos. A régua é utilizada para traçar linhas retas que significam a retidão e inflexibilidade do direito e da lei moral. Simbolicamente, ainda a este conceito, opor-se-ia a relatividade do círculo, resultado característico do traçado do compasso, simbolizando a realidade ágil e perene, com a curvatura relativa a cada um de nós. Como somos limitados, devemos nos apoiar na régua para balizar nossa conduta reta, porém sem perder o senso de realidade a que muitas vezes temos que nos render, às vezes devemos nos espelhar no G∴G∴, que escreve certo por linhas tortuosas.
Ainda que o conceito físico da definição de reta nos prove de grande significado simbólico, onde se diz que toda reta é uma pequena secção de curva (perímetro de uma circunferência) com raio infinito, vem nos mostrar que, muitas vezes, o que nos parece reto não o é e, muitas vezes, o que nos parece curvo tão pouco o é.
Com estes dois instrumentos podemos desenhar qualquer figura geométrica e praticando os valores intrínsecos destes símbolos, projetar qualquer planta da Arquitetura Maçônica. Juntos, a régua e o compasso representam a Harmonia e o Equilíbrio. Esta viagem nos mostra o valor da Arquitetura, ensinando-nos as cinco ordens básicas. Cada ordem é representada por uma coluna que irá decorar cada um dos cinco degraus que o Companheiro deverá subir: Dórica, Jônica, Coríntia, Toscana e Compósita. Cada coluna representa também um tema de estudo do Companheiro: Inteligência, Retidão, Valor, Prudência e Filantropia.
Para a terceira viagem conserva-se a régua e recebe-se a alavanca. Esta, simboliza a perseverança, a força moral, o movimento, a vontade acompanhada da inteligência e da bondade. Possibilita que com um mínimo de esforço e com um ponto de apoio preciso, movimentemos, praticamente, qualquer objeto de qualquer peso. Simbolicamente, a alavanca pode também ser interpretada como nosso livre arbítrio, pois pode remover imensos preconceitos alojados na nossa mente, impulsionada apenas pela força da razão e tendo como ponto de apoio a inteligência. Por isso a régua deve acompanhá-la sempre, pois sem a retidão e a moral seus efeitos poderiam ser desastrosos. Nesta viagem nos são apresentadas as artes liberais. A gramática, a retórica e a lógica permitem que nos comuniquemos, transformando a fala em verdadeira arte. A aritmética nos permite a arte de contar, a geometria a de medir, a astronomia a de conhecermos o Universo e finalmente a musica que sendo também matemática, nos permite alcançar altos níveis de contato com as esferas superiores. Em conjunto nos permitem a vivência e o conhecimento plenos do mundo exterior e nos abrem as portas para o mundo interior .
Para a quarta viagem troca-se a alavanca pelo esquadro e foi mantida a régua. Símbolo da equidade, retidão, justiça e disciplina, o esquadro é a soma do nível com o prumo. Seria impossível formatar nossa Pedra Cúbica sem seu auxílio.
Esta representa o ser e sua alma e o Companheiro deverá ter a justa medida, a perseverança e a disciplina para geometrizá-la e polí-la a fim de que cada uma de suas faces resulte na perfeita representação de cada uma das faculdades espirituais.
Empreende-se a quinta viagem sem portar nenhum instrumento, pois como postulantes a Companheiros, naquele momento, já devem ter incorporado suas qualidades. Tem-se apontada contra o peito a ponta de uma espada.
Este ritual nos atenta para a pureza interna que deveremos alcançar e possamos assim atingir as regiões mais altas de nossa espiritualidade. Esta Espada representa o Anjo da Espada Flamejante que guarda o "Portal do Éden", região situada no meio da espinha dorsal. Ela impede que os pensamentos impuros do mundo inferior alcancem e poluam as regiões cristalinas do nosso mundo espiritual. A expulsão do paraíso se deu exatamente por ter o humano usado o intelecto para acumular desejos criando assim o seu inferno. O escopo desta quinta viagem é fazer com que o homem refaça este caminho em sentido inverso e reencontre-se com seu paraíso, ou seja, seu plano espiritual (seguindo esta idéia, algumas Lojas mudam o ritual e fazem esta viagem em sentido inverso).
Assim, alcança-se o primeiro degrau da escada de Jacó. A escada por onde os Anjos de Deus sobem e descem. E como o Grande Arquiteto não nos abandona nunca, envia estes mesmos anjos para nos auxiliar nesta subida. Devemos durante essa escalada para a Luz, manter acesas as chamas da Fé, da Esperança e da Caridade, simbolizadas pela Cruz, pela Âncora e pelo Cálice. Sobretudo devem-se manter acesas as chamas da justiça e da liberdade, a nossa liberdade, a liberdade dos outros, mas principalmente nossa liberdade interior. Que nunca, ninguém, nem nada, possam cercear nosso direito de livre pensar.

Bibliografia
Ritual - Rito Escocês Antigo e Aceito - 2º Grau - Companheiro - Grande Oriente do Brasil – 2001
CAMINO, R - Breviário Maçônico - Para o dia-a-dia do Maçom - Madras Editora Ltda. São Paulo, 1999.
CASTEZLLANI, J. Liturgia e Ritualística do Grau de Companheiro Maçom ( em todos os Ritos)
A Gazeta Maçônica. S Significado dessa viagem - palavras do Ven.: - Paulo ,1987.
FIGUEREDO, J.G. - Dicionário de Maçonaria - Seus mistério, Seus ritos, Sua filosofia, Sua história. Editora Pensamento Ltda, São Paulo, 1996-97-98.
http://xoomer.virgilio.it/direitousp/ini11-35.htm
http://pt.scribd.com/doc/6997567/Ferramentas-Do-Companheiro
http://pt.scribd.com/doc/6997659/Simbolismo-Da-Elevacao
http://euseiqueeusei.blogspot.com/2009/07/as-ferramentas-do-grau-de-companheiro.html
http://www.portalcravo.com.br/armando/index.php?view=article&catid=6:simbolismo&id=186:o-simbolismo-da-elevacao-a-companheiro&tmpl=component&print=1&page
GERVÁSIO de Figueiredo, Joaquim. Dicionário de Maçonaria –
ADOUM Jorge Grau do Companheiro e seus Mistérios –
DA CAMINO Rizzardo Simbolismo do Segundo Grau –
COSTA Frederico Guilherme O Grau de Companheiro por um Companheiro –
Ritual do Companheiro Maçom - GOB

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