Ir.·. Gabriel Campos de Oliveira - Dep. Federal SAFL/GOB - Or.·. Divinópolis - MG
Ao Tronco são lhe atribuídas várias
origens, pelo que uma das mais assumidas pela Maçonaria tem origem bíblica.
Hiram Abif, Mestre construtor do Templo de Salomão era filho de uma viúva.
Mestre esse, que foi assassinado por três companheiros seus, por não querer
divulgar os segredos de construção a que estava sujeito como mestre-de-obras.
Esse assassinato veio mais tarde a
originar uma das mais importantes lendas da Maçonaria; a qual está na base da
maioria dos ritos maçônicos atuais.
Advindo dessa lenda, o epíteto de “Filhos
da Viúva”, com que se costumam designar os Maçons.
O fato de se designar por “tronco”,
deve-se ao fato dos trabalhadores afetos à construção do Templo de Salomão, os
Aprendizes e Companheiros, receberem os seus salários ao final do dia, junto às
colunas do Templo.
Para além de que etimologicamente, “caixa
de esmolas” na língua francesa também se designar por “tronc”
Sendo que o termo “Tronco da Viúva”
simboliza também uma (caixa de) esmola para socorro e auxílio das esposas (e
filhos menores) de Irmãos falecidos.
Em Loja é o Mestre Hospitaleiro que está
encarregado de fazer circular o Tronco da Viúva. Tronco esse, que em dado
momento litúrgico de uma Sessão Maçônica, circula pelos Irmãos para que possam
efetuar o seu óbolo na medida em que tal lhes seja possível. Cabe ao Mestre
Hospitaleiro e ao Mestre Tesoureiro, cuidarem para que ele se encontre numa
situação-equilíbrio para que se possa prestar o auxílio necessário a quem dele
reclamar. E como tal, o Tronco da Viúva não se quer nem muito cheio nem muito
vazio. Se o mesmo se encontrar vazio, é porque as doações não serão
significativas, correndo-se o risco, de se não se auxiliar quem dele necessitar
numa situação imediata. Mas se ele se encontrar cheio, é porque quem necessitar
de auxílio, não o estará a receber na devida forma. Sendo que um dos deveres do
Mestre Hospitaleiro é o de bem aconselhar o Venerável Mestre sobre os fins a
darem às importâncias obtidas na circulação do Tronco da Viúva em Loja. A quem
ou as quais sejam Irmãos ou Instituições Sociais de que os necessitem. Essa
também é uma das funções sociais da Maçonaria. Ajudar outras instituições
carentes que necessitem de auxílio; não procurando o Maçom o reconhecimento de
tais atos, pois a soberba não deve existir nas suas ações. O Maçom assim faz,
porque simplesmente acha de que o deve fazer, não porque procura méritos ou
benefícios com isso. Sendo que, por não se procurar reconhecimentos ou assumir
falsos méritos, é que a caridade Maçônica sob a forma de tronco é feita de forma
reservada, nunca devendo um Maçom mostrar o que deposita no Tronco da Viúva.
Quem procurar reconhecimento deve procurar outro sítio para fazer a sua
solidariedade, a sua caridade. O Tronco em si mesmo, é uma forma de
Solidariedade, ele lembra ao Maçom, que a beneficência e a solidariedade devem
estar presentes ao longo da sua vida, fazendo ambas as parte dos deveres do
Maçom. Além de que, na circulação do Tronco da Viúva em Loja se relembrar ao
Maçom que ele deve ser generoso e caritativo.
Por isso, quando um Maçom faz o seu óbolo,
ele deve dar um pouco de si também. Mas nunca com o pensamento de que um dia se
necessitar, terá algo a que se “agarrar”. O Tronco da Viúva não serve de “almofada”
para os Maçons. Não devendo e lesse aproveitar da sua existência, para mais
tarde o utilizarem sem razão aparente. Quando um Maçom faz a sua entrega, a sua
dádiva para o Tronco da Viúva, a única coisa que deve ter em mente, é o de
partilhar um pouco de si mesmo e do que tem com os demais Irmãos. Mas apesar de
não ser uma obrigação principal da Maçonaria, cabe ao Maçom ter um espírito
solidário com quem dele necessite.
Por isso mesmo, a missão do Tronco da
Viúva, é a de ajudar um Irmão que necessite de auxílio. Mas, para alguém puder
ser ajudado, é também necessário que o Irmão em causa reconheça a sua
necessidade de auxílio. Mas, nem sempre quem precisa de ajuda, o solicita. A
vergonha ou inclusive o orgulho, são em grande parte dos casos, o “travão”
pessoal à procura de auxílio. Quem precisa de ajuda, deve por para “trás das
costas” tais sentimentos, pois agindo assim, corre o sério risco de perder toda
a ajuda que necessitar.
E hoje em dia, devido à forma acelerada de
como vivemos as nossas vidas, nem sempre nos é possível perceber quem necessita
da nossa ajuda. Todos nós em certas alturas da vida passamos por momentos em
que fraquejamos ou que a nossa força mental não nos consegue ajudar a suportar
o dia a dia. São principalmente nesses casos que o Maçom deve ajudar os seus
Irmãos. Tentando se aperceber com a sua iluminação, quem necessita mais dele.
Mas essa ajuda nem sempre deve ser (ou
pode ser…) financeira, mas antes, moral ou espiritual, pois nem todas as
carências de um Irmão são pecuniárias ou materiais. Muitas vezes apenas alguém
necessita de uma palavra de inspiração, uma “palmada nas costas” ou um simples
gesto de afeto e carinho. Tais gestos com certeza não podem ser depositados num
saco, devem-no antes ser entregues (pessoalmente) ao Irmão necessitado. É
amparando o seu irmão, que o Maçom lhe demonstra a sua solidariedade e vive o
espírito de fraternidade que a Maçonaria lhe oferece.
A Maçonaria é uma Instituição que promove a
Solidariedade, a Beneficência, a Fraternidade. E como tal, a sua principal
missão é ser solidária com os seus membros/Irmãos. Sendo assim, não deve uma
Loja virar as costas a um Irmão que esteja em apuros, devendo antes, correr em
seu auxílio e o amparar na resolução dos seus problemas. E é para isso que
fundamentalmente existe o Tronco da Viúva.