segunda-feira, 10 de junho de 2013

RITUAL: QUEM PRECISA DELE?

W. Bro. Jim Tresner 
[Extraido de “The Oklahoma Mason”, Dezembro de 1997] 

A resposta é curta: “nós precisamos.” Explicar porque, requer um pouquinho mais.   Em um sentido muito real, é o ritual da Maçonaria que faz o trabalho da Maçonaria. Ritual é o canal através do qual a Maçonaria ensina.   Mas é mais que isto.   Porque o ritual é tão importante para a Maçonaria, é valioso tomar um pequeno tempo para falar acerca da natureza do ritual em si mesmo e porque é tão central para a vivência Maçônica.   Primeiro de tudo, ritual é uma virtual necessidade para todos os humanos, de fato para quase todos os animais. Isto é tão verdadeiro que todo cérebro humanos vem “equipados com circuitos” para responder a ritual. (Maravilhoso, ao seu próprio modo. Muito poucas coisas em seres humanos são instintivas – quase tudo é comportamento aprendido. Mas a resposta para ritual foi localizada por anatomistas na parte mais antiga e primitiva do cérebro, bem acima da estrutura central do cérebro, na mesma área que controla a atenção e as emoções. É tão “natural” para nós como o amor, ou a agressão, ou a cooperação.)  Todos estamos engajados em ritual todo o tempo – nós somente não o reconhecemos sempre. A maioria de nós tem uma rotina matinal, por exemplo. Alguns de nós fazemos a barba antes do banho, alguns fazem a barba após o banho e alguns se barbeiam enquanto se banham, mas, qualquer que seja o modo, usualmente fazemos sempre do mesmo modo.
Ritual é uma ferramenta poderosa de ensinar
De fato, foi provavelmente a primeira ferramenta de ensinar. Sabemos de rituais de caça entre algumas tribos, cujo propósito era ensinar os jovens como caçar efetivamente. Mnemônicos (frases ou logos que nos ajudam a lembrar coisas através de associações) são rituais, como é aprender o alfabeto por cantar a canção do alfabeto. Os militares desenvolvem muitos rituais (padrões de comportamento repetidos) para ensinar os recrutas como manter armas.)
Ritual ajuda a nos dar um senso de identidade
Pode parecer estranho, mas pessoas freqüentemente definem a si mesmo pelas suas ações (sou um vendedor, um mecânico, um professor, projetista de moinhos, etc). Isto não é limitado ao que fazemos para viver. Nossos rituais, nossas ações, dão um senso destacado de realidade para nossas vidas. Nos sentimos “certos” ou “completos” quando seguimos certos rituais.
Ritual ajuda o nosso preparo – nos ajuda a  “entrar no clima” do que vem a seguir
Se o evento é uma missa na igreja ou se é um jogo de futebol, a maioria dos eventos repetitivos tem um ritual de algum tipo que ajuda a dar o tom emocional. E nos podemos ter um forte sendo de “erro” se estes foram violados – se uma missa na igreja iniciou com uma banda de musica e dançarinas ou se um jogo de futebol começou com uma procissão litúrgica, por exemplo.
Ritual nos deixa condensar muito em pouco tempo
Ritual enriquece uma vivência por concentrá-la. Ao invés de envolver a exposição completa, como uma palestra, ritual faz referencias a coisas e nos deixa pensar acerca dela e preencher os detalhes por nós mesmos. Para ilustrar com uma porção do ritual da igreja, considere última linha da  Doxologia – “Louvar o Pai, o Filho e o Espírito Santo.”O conceito de Trindade é um conceito muito difícil para a “fazer a cabeça”. Ao invés de dar muitas horas de discussão que seria necessário para explorar este tópico, o ritual simplesmente o menciona, e o deixa para nós elaborarmos o pensamento se estivermos assim inclinados.  O ritual da Maçonaria envolve tudo isto e mais...
O ritual da Maçonaria – a abertura e o fechamento, os Graus, até o ritual de votar – organiza os eventos e assegura que tudo aconteça como deveria.
Nos ajuda a definir nós mesmos como Maçons e estreita os laços fraternais que nos unem como Irmãos. E este efeito é internacional e trans-cultural. Sabemos que temos vivencias compartilhadas com Maçons de todo o mundo.
É uma ferramenta de ensinar – as lições e os valores da Maçonaria são ensinados através do ritual e de símbolos.
Ajuda a montar o tom e o clima da reunião – nos ajuda a remover da mente as preocupações do mundo exterior e colocar foco nas grandes verdades de natureza humana e espiritual.
Ritual Maçônico obviamente condensa vivência. Contém elementos que levantam questões importantes, mas que deliberadamente são deixados inexplorados porque quer que o Maçom pense sobre eles através de si mesmo.
Ritual Maçônico proporciona uma total extensão para os Maçons explorarem os seus próprios interesses. Muitos dos meus melhores amigos amam aprender e apresentar o ritual.   Eu mesmo me interesso em lidar com a interpretação do ritual e dos símbolos que usa – e especialmente com os efeitos que o ritual é projetado para produzir nas mentes dos iniciados e os modos nos quais estes efeitos são produzidos. Outros são especialmente interessados na história do ritual e os modos que ele mudou e se desenvolveu através dos anos. Um Maçom que conheço é interessado no ritual do ponto de vista de um antropólogo cultural, e tem prazer em traçar os modos que o ritual se relaciona com as grandes tradições iniciáticas da história. E o ritual é grande o bastante e complexo o bastante para acomodar todos estes interesses e muito mais.   Então, novamente, a resposta para a questão “De qualquer modo, quem precisa de ritual?” é “Todos nós precisamos”. O ritual da Maçonaria atende muitas necessidades e muitos interesses. Não é a mesma coisa que Maçonaria - não mais quanto um sermão é a mesma coisa que uma igreja - mas é um modo primário que nós ensinamos e aprendemos.  É a cola (cimento) que nos mantemos juntos. É importante. Nos faz sermos, nós.
 

CONDUTA DO MAÇOM EM LOJA

JOSÉ CASTELLANI

Independentemente de Ritos, existem algumas normas de comportamento ritualístico, básicas para os trabalhos das Oficinas.
01.Não são feitos sinais quando se circula normalmente pelo templo, por dever de ofício ou não. Os sinais de Ordem e a Saudação só são feitos quando o maçom está de pé e parado. Sinais ao andar, só durante a marcha do grau.
02.Não são feitos sinais quando se está sentado. Nesse caso, para responder a uma saudação faz-se um leve meneio de cabeça.
03.Não se fazem sinais com instrumentos de trabalho (inclusive malhetes), pois qualquer sinal maçônico deve ser feito com a mão.
04.Não é regular a sessão maçônica aberta a um só golpe de malhete; todas as sessões, portanto, devem ser abertas e fechadas ritualisticamente.
05.Não é permitido ao Maçom, paramentar-se no interior do templo; isso deverá ser feito no átrio, tanto por aqueles que participam do cortejo de entrada quanto por aqueles que chegam com atraso.
06.Da mesma maneira, não se deve tirar os paramentos dentro do templo.
07.Qualquer Maçom retardatário, ao ter o acesso ao templo permitido, deverá fazê-lo com as devidas formalidades do grau; é errado ele se dirigir ao seu lugar sem formalidades e sem autorização do Venerável.
08.Em Loja Simbólica , no Livro de Presenças, só deve constar o grau simbólico do Maçom – Aprendiz, Companheiro, ou Mestre – ou a sua qualidade de Mestre Instalado (que não é grau), não sendo permitido o uso do Alto Grau em que ele esteja colado.
09.Também não são permitidos paramentos de Altos Graus em Loja Simbólica.
10.É errada a prática de arrastar os pés no chão como sinal de desaprovação a um pronunciamento.
11.Também são errados os estalos feitos com os dedos polegar e médio, para demonstrar aprovação ou aplauso.
12.Qualquer Obreiro ao sair do templo durante as sessões, deve fazê-lo andando normalmente e não de costas como muitos fazem, alegando um pretendido respeito ao Delta.
13.Não é permitido retirar metais do Tronco de Solidariedade durante a sua circulação. O Tronco deve ser sempre engrossado e nunca afinado por retiradas indevidas.
14.É errado, ao colocar a contribuição no Tronco, o Obreiro anunciar que o faz por ele e por Irmãos ausentes ou Lojas, pois a contribuição é sempre pessoal.
15.A transmissão da palavra Semestral através da Cadeia de União, exige absoluto silêncio; assim, é um erro arrastar os pés nessa ocasião.
16.Independentemente do grau em que a Loja esteja funcionando, o Obreiro que chegar atrasado à sessão deverá dar somente três pancadas na porta.
17.O Cobridor, quando não puder dar ingresso, ainda, a um Irmão retardatário, responderá com outras três pancadas no lado interno da porta.
18.Não pode haver acúmulo da sessão de iniciação com qualquer outra, a não ser a de filiação.
19.A circulação ordenada no templo, no espaço entre as Colunas do Norte e do Sul é feito no sentido horário, circundando o painel do grau, já que o Pavimento Mosaico, quando existir, ocupa todo o solo do templo.
20.No Oriente não há padronização da marcha.
21.Nos templos que possuem degraus de acesso ao Oriente (que não são obrigatórios), os Obreiros devem subi-lo andando normalmente e não com passos em esquadria.
22.O Obreiro que subir ao Oriente, deve fazê-lo pela região Nordeste (à esquerda de quem entra), saindo depois, pelo Sudeste (à direita de quem entra ou esquerda de quem sai).
23.Aprendizes e Companheiros não podem ter acesso ao Oriente que é o fim da escalada iniciática, só acessível aos Mestres. Da mesma maneira, os Aprendizes não devem ter acesso à Coluna dos Companheiros.
24.Com mais razão, os “profanos”, presentes às sessões abertas ao público (ou “brancas”), não podem ter acesso ao Oriente. Os homens sentam-se, exclusivamente, na Coluna da Força (a do 1° Vigilante); as mulheres, exclusivamente, na Coluna da Beleza (a do 2° Vigilante)
25.Nas sessões abertas ao público não é permitido correr o Tronco de Solidariedade entre os “profanos”. Isso é feito depois da saída deles.
26.Nenhum Obreiro pode sair do templo sem autorização do Venerável.
27.Se o Obreiro for sair definitivamente do templo, deverá, antes, colocar a sua contribuição no Tronco de Solidariedade.
28.Se a Loja possuir Cobridor Externo, este ficará no átrio durante toda a cerimônia de abertura da sessão, entrando depois, e ocupando o seu lugar, a noroeste; só sairá se alguém bater à porta do templo.
29.Sempre que um Maçom desconhecido apresentar-se à porta do templo ele deverá ser telhado pelo Cobridor. Telhar é examinar uma pessoa nos toques, sinais e palavras, cobrindo-se o examinador contra eventuais fraudes (telhar é cobrir, claro); o termo é confundido com trolhar que significa passar a trolha, aparando as arestas (apaziguando Irmãos em eventual litígio).
30.A hora em que os maçons simbolicamente iniciam os seus trabalhos, é sempre a do meio-dia porque esse momento do dia tem um grande significado simbólico para a Maçonaria: é a hora do sol a pino, quando os objetos não fazem sombra; assim, é o momento da mais absoluta igualdade, pois ninguém faz sombra a ninguém.
31.A maneira maçônica correta de demonstrar em Loja, o pesar pelo falecimento de um Irmão é a bateria fúnebre, ou bateria de luto: três pancadas em surdina (ou surdas), dadas com a mão direita, sobre o antebraço esquerdo (surdina é uma peça que se coloca nos instrumentos para tornar surdos, ou abafados os seus sons; em surdina, significa: com som abafado). O tradicional minuto de silêncio é homenagem “profana”.
32.Os Obreiros com assento no Oriente, têm o direito de falar sentados.
33.Irmãos visitantes só são recebidos após a leitura do expediente e nunca depois da circulação do Tronco, não devendo, também, participar das discussões de assuntos privativos da Loja visitada.
34.Um Obreiro do Quadro, se chegar atrasado à sessão, não poderá entrar durante o processo de votação de propostas, já que não participou da discussão; também não poderá ingressar depois da circulação do Tronco e durante a abertura ritualística.
35.Não é permitida a circulação de outros Troncos cuja finalidade não seja a de beneficência.
36.Em qualquer cerimônia maçônica em que sejam usadas velas, elas sempre serão apagadas com abafador e não soprando a chama.
37.Só o Venerável Mestre ou outro Mestre Instalado é que pode fazer a sagração do candidato à iniciação, à elevação ou à exaltação. Também só um Venerável ou outro Mestre Instalado é que pode tocar a Espada Flamejante, símbolo do poder de que se acham revestidos, ao fazer a sagração.
38.Só o Maçom eleito para veneralato de uma Loja é que pode receber a dignidade de Mestre Instalado, depois de passar pelo Ritual de Instalação.
39.O certo é Aclamação e não exclamação, como dizem alguns rituais.
40.Depois que a palavra circulou pelas Colunas e está no Oriente, se algum Obreiro quiser acrescentar algo, deverá solicitar ao seu Vigilante que a palavra volte a elas; se o Venerável concordar haverá todo o giro regulamentar de novo. Não se justificam os famosos pedidos “pela ordem”, para falar sobre o mesmo assunto, pois esse pedido é apenas uma questão de ordem que só deve ser levantada para encaminhamento de votações e para chamar a atenção para eventuais alterações da ordem dos trabalhos.
41.Não é permitido aos Obreiros, passar de uma para outra Coluna ou até para o Oriente durante as discussões de assuntos em Loja, para fazer uso da palavra, para réplicas ou para introduzir um novo em foque da questão. Nesses casos, o correto é que a palavra volte ao seu giro normal, para que o assunto torne-se esgotado e fique definitivamente esclarecido.
42.Durante as sessões de iniciação não pode ser dispensada nenhuma formalidade ritualística em função da crença religiosa do candidato; isso, em relação principalmente à genuflexão, que muitos acham que pode ser dispensada se a crença do candidato não permitir. Todavia, se o rito exigir que o candidato ajoelhe-se, ele será obrigado a fazê-lo mesmo contrariando sua formação religiosa. O que deve ser feito antes da aceitação do candidato, é o padrinho ou os sindicantes avisá-lo dessa exigência do rito, para que ele possa apresentar sua proposta a outra Ofician, cujo rito não exija a genuflexão.
43.A Cadeia de União deve ser formada exclusivamente para a transmissão da Palavra Semestral, com exceção do Rito Schroeder, onde ela é formada no fim de qualquer sessão.
44.Não pode, um Aprendiz, se impedido de falar, em Loja, já que é só simbólico o seu impedimento de fazer uso da palavra, já que em qualquer sociedade iniciática, o recém-iniciado, simbolicamente, só ouve e aprende, não possuindo, ainda, nem os meios e nem o conhecimento para falar. Esse simbolismo é mais originado do mitraísmo persa e do pitagorismo.
45.Não existe um tempo específico para a duração de uma sessão maçônica, já que dependendo dos assuntos a serem tratados, ela poderá durar mais ou menos tempo. Qualquer limitação do tempo de duração das sessões é medida arbitrária, pois cerceia a liberdade dos membros do Quadro, impõe restrições à Loja e interfere na sua soberania, quando tal medida é tomada pelas Obediências. Os Obreiros é que devem ter discernimento para evitar perda de tempo com assuntos irrelevantes; o Venerável também, tem que ter discernimento para evitar que a sessão se estenda sem motivo justificado. Mas isso é uma decisão da Oficina e não pode ser medida imposta pelas Obediências.

Nota minha - Penso que devemos rever muitas de nossas atitudes dentro de uma ritualística, falo isso pois muitos destes itens não são seguidos na maioria das Lojas que frequentei ou frequento.