quarta-feira, 19 de setembro de 2012

QUE VINDES AQUI FAZER?


Ir .’.José Prudêncio Pinto de Sá, MI

          Existe uma resposta ritualística para esta pergunta. Com facilidade, qualquer maçom a recita de cor, comprovando que está a par dos conhecimentos básicos para se fazer reconhecer. A pergunta, porém, contém uma significação mais profunda, específica, que podemos analisar antes de adotarmos a resposta como real e sincera.

          VENCER AS PAIXÕES
          Ao declarar que deseja vencer suas paixões, o maçom está assumindo o compromisso de descobrir quais são aquelas que assolam o seu espírito e, mais ainda, como pretende removê-las ou substituí-las. Para isso, ele deve ter plena consciência do que é, como está procedendo no seu meio e o que faz por si, pelos irmãos e pela humanidade. Conhecer-se intimamente é o primeiro passo para derrotar os impulsos menos nobres e fazê-lo transformarem-se em movimento na direção do bem.
          Também é preciso identificar, com muita exatidão, o que são paixões, como se manifestam e do que provém, para que o processo de eliminação não se limite a remover os seus efeitos, e sim, destrua-lhes as causas. De fato, não projetar um ódio sobre o objeto desse sentimento evita que ele produza efeitos externos e, assim, contribui para um relacionamento mais harmonioso com as pessoas. Mas essa atitude não remove o ódio em si mesmo, deixando-o lá, latente, pronto a eclodir a qualquer momento ou a inspirar posturas e ações não condizentes com o aperfeiçoamento que buscamos.
          Tal como Teseu, que se internou no labirinto para aniquilar a besta - o Minotauro - também nós temos que percorrer esses caminhos escuros e sombrios do nosso espírito, para de lá extrair as bestas que devemos combater - nossos vícios - ou seja, nossos defeitos de caráter, a fim de vencida a porfia, de lá podermos assomar mais fortes, mais limpos, mais aptos para o trabalho social a que nos propomos.
          Então, para declarar que vencemos uma paixão identificada, é necessário que tenhamos a certeza de que ela não mais existe e, se não se manifesta, não é por ter sido amordaçada, e sim, porque deixou de compor o nosso eu interior, definitivamente. Esse é o primeiro passo.

          SUBMETER A VONTADE
          A vontade é a capacidade que os seres vivos animados têm de determinarem o seu procedimento de acordo com o que lhe dita à consciência ou o instinto. Nossa vontade humana pode ser controlada pela inteligência, que escolhe os recursos de que disporá para manifestar-se. Assim, à luz dos costumes e leis, somos obrigados a restringir a manifestação da nossa vontade àquilo que pode ser feito ou representado, sem ofensa à lei ou aos bons costumes.

          Isso, no entanto, não impede que, às vezes, procedamos em desacordo com essas leis e costumes, para satisfazer uma necessidade ou desejo. Esta violação das normas e usos vigentes representa um emprego volitivo das nossas capacidades sem o controle adequado da nossa consciência e da nossa mente, representando a fuga do ser de dentro dos limites impostos pelo contexto social.

          É por isso que, na Maçonaria, exercitamos a nossa capacidade de fazer a nossa vontade ficar contida dentro dos limites dos nossos landmarks, leis usos e costumes, que são suficientes para assegurar que seremos pessoas capazes de viver dignamente em qualquer contexto legal. Esse domínio sobre o exercício da vontade depende de intenso treinamento ininterrupto e diuturno, pois sempre há alguma dessas manifestações de indisciplina intelectual e mental pronta para aparecer e nos vencer.

          No labirinto, Teseu guiou-se pelo fio que Ariadne lhe deu e que ficou segurando, à saída, para que o herói pudesse achar o caminho de volta. É esse fio que representa a submissão da vontade a um traçado pré-concebido e pré-existente: as leis os costumes e os usos da sociedade a que pertencemos. Enquanto não pudermos seguir esse fio dourado, não teremos dominado a nossa vontade, para que nos leve ao aperfeiçoamento que almejamos.

          FAZER PROGRESSOS NA MAÇONARIA
          Esta típica expressão maçônica nos mostra que somos maçons para aumentarmos nossos conhecimentos da Arte Real continuadamente, sem interrupção por qualquer motivo. Se frequentarmos regularmente a nossa loja, fazê-mo-lo para continuar esse progresso, através do convívio, da reflexão no silêncio e na meditação impostas pela austeridade ambiental e da atividade intelectiva provocada pelas ações que ali se desenrolam.
          Cada sessão é uma aula sui generis específica, cujo conteúdo tem significado diferente para cada um dos irmãos. As lições lá aprendidas e exercitadas devem se tornar nosso patrimônio intelectual e emocional exclusivo, formador da nossa personalidade maçônica e garante do aprendizado que se segue. Nada substitui, em eficiência, no nosso método de aprendizado, o convívio dos diferentes, com a troca benfazeja e enriquecedora das experiências e opiniões de cada um com todos os outros. Acumulando essas ricas experiências em loja, certamente seremos melhores como cidadãos e como integrantes da Maçonaria e estaremos em condições de propagar essa cultura multicentenária para os nossos pósteros.
          Fica deste modo, respondida a pergunta em epígrafe.

          Tomara que possamos ao respondê-la em alto e bom tom, quando inquiridos, ter consciência do grande significado que oculta, aos não iniciados, as verdades dos nossos trabalhos maçônicos. Que todos possamos refletir sobre ela e criarmos, nós próprios, as nossas respostas, de modo a que sejamos, todos, construtores de um mundo melhor.

Sois Maçom? Reconhecê-lo-ei pelas Vossas Atitudes!



Leonel Ricardo de Andrade
  Desde o princípio dos tempos é da natureza humana a prevalência da emoção sobre a Razão e da vaidade sobre a Humildade e, infelizmente no meio Maçônico isso também acontece, apesar dos Ensinamentos e Princípios Maçônicos focarem a necessidade de um aperfeiçoamento constante, alguns não se submetem a eles e não VENCEM as suas paixões.
  Diante do exposto, ainda existe muita estagnação. E, sob o ponto de vista Maçônico a estagnação é a MORTE, ou seja, a falta de evolução, em especial sob o ponto de vista intelectual, moral e espiritual.
  Como é frequente assistirmos Mestres - "velhos Mestres e Mestres "velhos" estagnados e presos em suas concepções preconceituosas acerca daquilo que desconhecem, simplesmente porque "escolheram não conhecer". Geralmente falam muito e ouvem pouco. Criticam quem ousa tentar. Condenam o que não lhes convêm. Crucificam quem defende o que SONHA e se lamentam por não SONHAREM.
  É impressionante percebermos o quanto alguns Maçons conseguem impor aos demais Irmãos os seus vícios e defeitos. Fazem disso regras de conduta a serem seguidas pelos demais que, subservientes, são tomados pelo imobilismo e nada fazem para mudar.
  Pergunto-me como é possível tanta vaidade e egocentrismo após passar pela C.'. Refl.'., caminhar com Ap.'. M.'., depois como Comp.'. M.'. e por fim como M.'. M.'. e mais, receber os Ensinamentos contidos no L.'.L.'., no Comp.'. e no Esq.'.?
  Eis as causas de tantos desencontros no seio das corporações humanas, inclusive em nossa Sublime Ordem, já que o "MUNDO" não deveria caminhar segundo os interesses individuais, onde as pessoas têm o hábito de atribuir aos outros as responsabilidades por aquilo que não aconteceu de acordo com suas vontades.
  O Irmão deve estar a pensar onde quero chegar e, com a visão fundamentada em questões práticas, exemplifico-vos de uma forma objetiva as atitudes do Ser Humano em sua busca pelo "PODER", quando os interesses individuais e ou de grupos específicos se sobrepõem ao bem comum. Basta que chegue uma disputa eleitoral, seja no condomínio onde moramos, no clube em que frequentamos e, sobretudo, no mundo da política profana, para que os ânimos se exaltem, a razão se confunda e o amor se perca. É por isso que o Maçom precisa buscar incessantemente a submissão de suas vontades e o subjugar as suas paixões, não permitindo que a voz do ego fale mais alto do que a Voz da Razão.
  Pois, é no caminhar diário que o Ser Humano constrói ou destrói o desenrolar de sua vida. Se as suas atitudes forem sensatas e éticas ele criará um clima de carinho, de otimismo, de aproximação, de entusiasmo e de envolvimento, mas, ao contrário, se as suas atitudes forem insensatas e aéticas ele criará um clima de ódio, de pessimismo, de afastamento, de descrença e de desmotivação. Eis porque o destino de um indivíduo e do grupo ao qual ele pertence depende fundamentalmente do conjunto das atitudes de cada um. É a partir delas que ele conquista, ou não, o seu espaço e as suas vitórias.
  Diante do exposto é que agora vos pergunto: Sois Maçom? Reconhecê-lo-ei pelas Vossas Atitudes!

  Um Tríplice e Fraternal Abraço,

Leonel Ricardo de Andrade
Grande 1º Vigilante GLMMG
www.glmmg.org.br
landr...@netsite.com.br
(34) 9926-0891

A PEDRA BRUTA


Irmão Henrique Bosco

  A Pedra Bruta, símbolo do Aprendiz Maçom, é uma das três jóias fixas da loja e está colocada à esquerda da Coluna “B”, próxima ao Altar do 1º Vigilante, nela trabalham os Aprendizes, marcando-a e desbastando-a até que seja julgada polida pelo Venerável Mestre.
   A Pedra, de uma maneira geral, sempre provocou admiração e espanto ao ser humano, sendo bastante reverenciada nas manifestações religiosa tanto pela sua solidez como por sua perduração, a firmeza inabalável, que é atributo da Divindade. Por esta razão, os homens procuraram sempre edificar com pedras os templos dedicados à divindade, proibindo ao povo de construir habitações com outro material que não fosse terra cozida ao sol.
   Na antiguidade, a arquitetura sempre foi considerada como arte sagrada e intimamente ligada aos sacerdotes e à religião. Posteriormente, na Idade Média, foi a arte dos maçons operativos aos quais a maçonaria especulativa sucedeu. Por isso, constituindo a arquitetura uma das bases do simbolismo maçônico, a pedra nele ocupa abundante representação, simbolizando em geral todas as obras morais e todos os materiais de inteligência empregados para fins maçônicos.
   Dentro da simbologia Hebraica, como na Egípcia, a pedra é também o símbolo da falsidade. Assim, o nome de Tiffão, o princípio do mal da simbologia Egípcia, foi sempre escrito em caracteres hieroglíficos, com o sinal determinativo da pedra. Mas a pedra de Tiffão foi a pedra talhada, tendo idêntico mau significado em Hebraico. Desta forma disse Jehovah em Êxodo: “Não construireis para mim um altar de pedras lavradas”; e Josué edificou, no Monte Ebal, “um altar de pedras intactas”; sobre as quais nenhum homem levantou qualquer ferro. A pedra talhada era, desta forma, um símbolo do mal e da falsidade e a pedra bruta um símbolo do bem e da verdade.
   Plantagenet (ou Plantageneta), ao contrário da maioria dos autores maçônicos, considera a pedra talhada como símbolo da obscuridade e servidão, ao passo que faz da pedra bruta o símbolo da liberdade. Diz ele: “E ainda hoje não é vergado sob o fardo da pedra talhada, acabada, composta de todos os prejuízos, de todas as paixões, de toda a intransigência das fórmulas absolutas, aceitas sem controle como expressão da inexpugnável e única verdade, que fazem do homem o escravo de seu meio, que vemos o profano apresentar-se à porta do Templo e pedir à Luz? Uma Loja Justa e Perfeita, proporciona-lhe essa Luz e, ao mesmo tempo, liberta-o iniciaticamente da servidão. Livre, o neófito simbolizará sua liberdade por uma pedra bruta, com a qual ele se identificará. Obreiro da Grande Obra, há de consagrar a primeira parte de sua vida maçônica em desbastá-la...
   Chegará ele algum dia ao fim de suas fadigas?
   Ninguém o pode prever, pois a meta que ele mesmo traçou para si não é tornar a fazer da pedra bruta uma dessas pedras talhadas com as quais o homem edifica prisões, mas sim de transmutá-las numa dessas pedras vivas com as  quais o iniciado levanta templos. O segredo desta operação não está perdido, mas nem sempre é compreendido.
   A Gedalge afirma também, que a pedra bruta é análoga à matéria prima dos hermetistas, devendo ser talhada com cuidado com o malho, para que chegue a apresentar a forma de um cubo. Dentro da alquimia existia um ramo puramente místico a qual numerosos hermetistas se dedicavam.
A preparação da pedra filosofal e as operações alquímicas, nos escritos de certos filófosos, não passam de sucessivas purificações do ser humano na busca do conhecimento iluminador. Para eles o chumbo significava vulgaridade, grosseria e falta de inteligência, e o ouro precisamente ao contrário. Iniciados, desinteressam-se dos bens perecíveis, dos metais ordinários que fascinam os profanos. Relacionam tudo ao homem que é perfectível, e em quem o chumbo é realmente transmutável em ouro. O simbolismo alquímico não se aplica, portanto, à matéria, mas a operações espirituais. As imagens representam a evolução interior. A matéria sobre a qual é preciso trabalhar é o próprio homem. Não é outra coisa senão a purificação do Ser que tornará o homem capaz de ascender ao supremo conhecimento.
   Segundo Aslan ”A pedra bruta é o símbolo da idade primitiva e portanto, do homem em estado natural e sem instrução; é a imagem da alma do profano antes de ser instruído nos mistérios maçônicos. É a representação da cegueira e da ignorância, das paixões humanas indomáveis, da teimosia, do mau gosto e individualismo egocêntrico. A tarefa dos Aprendizes consiste em trabalhar, simbolicamente, no desbaste da pedra bruta, a fim de despojá-lo das asperezas, transformando-a assim numa pedra cúbica mais própria para o trabalho da construção, que na maçonaria é a construção do templo da humanidade”.
   No desbaste de sua pedra bruta, o Aprendiz deverá contar com habilidade e orientação, sob o risco de nada conseguir, a não ser fragmentar a pedra em outras proporções sempre brutas e disformes.
   A pedra bruta representa, pois, a natureza humana ainda não trabalhada, simbolizando a imperfeição da personalidade do aprendiz que ele deve desbastar de sua ganga original. Libertando o seu espírito de preconceitos e vícios num trabalho contínuo de aperfeiçoamento.
   Extraído do Livro: Obreiros em Ação. Livro editado pela ARLS Regeneração Catarinense nº 138, cujos autores, são obreiros da mencionada Loja.